Educadores denunciam exclusão e fim da autonomia com a militarização de escolas imposta pelo imposto pelo governo Mauro Mendes

A quinta-feira (17/12) foi marcada por uma manifestação de educadores, estudantes, pais e sindicalistas em frente a uma das escolas mais emblemáticas para as lutas dos trabalhadores da educação em Mato Grosso, que é a Escola Estadual Presidente Médici. “Foi na quadra dessa escola onde nos reunimos diversas vezes para deliberar sobre pautas importantes que são conquistas históricas da categoria, como a Lei da Dobra do Poder de Compra e a implantação da hora-atividade. Agora estamos sob a ameaça de uma intervenção militar onde, com toda certeza, perderemos a liberdade para discordar das imposições do governo, já que o espaço da escola pública deve se tornar um ambiente engessado, sem pluralidade de ideias e regido por regras militares”, criticou o presidente da CUT-MT e sindicalista, Henrique Lopes.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso (Sintep-MT), Valdeir Pereira, denuncia a exclusão que será estabelecida com o modelo de escola administrada por agentes da segurança pública, imposto por meio da Lei nº 10.922 sancionada pelo governador Mauro Mendes. “A exclusão já começa com um processo seletivo para definir quais estudantes podem ocupar aquelas vagas. Além disso, essa militarização deixa de lado o estudante que mais precisa de apoio no processo de aprendizagem, já que, ao tirar notas baixas no processo de seleção, não terá acesso àquela unidade de ensino. Ao mesmo tempo em que o governo pretende investir mais recursos em escolas militares, também deixa claro que vai precarizar ainda mais aquelas que não estão inseridas nesse modelo, que não respeita a diversidade e não incentiva o desenvolvimento do pensamento crítico”, disse o dirigente sindical.

O Sintep-MT destaca ainda que o posicionamento da entidade não se opõe às forças da segurança pública, e que a crítica está na questão do desvio de função das carreiras. “A escola é ambiente para atuação daqueles que receberam sua devida formação em licenciatura, que foram capacitados para de fato, ensinar ciências e cultura. Estamos lutando por um modelo de escola que promova cidadania, inclusão. Queremos desenvolver as potencialidades dos alunos enquanto indivíduos singulares e diversos, e não uma educação onde todos têm que se vestir de maneira igual, ter o mesmo corte de cabelo e onde não é permitido pensar diferente ou questionar. Lutamos para que o espaço da escola continue tendo liberdade e seja palco da democracia”, disse Valdeir.


Entre os argumentos utilizados pelo governador Mauro Mendes para “justificar” a militarização de escolas em Mato Grosso, estão os baixos índices do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) de algumas unidades de ensino e a questão da violência social. “Dizer que escolas militares possuem melhores índices e que, com a gestão das unidades feita por agentes da segurança pública, a violência diminui, nada mais é do que uma cortina de fumaça para esconder a falta de investimentos em políticas públicas para uma educação de qualidade. 

As escolas militares de hoje são formadas em grande parte, por estudantes que são filhos de militares, que passaram por um processo seletivo para entrar, sendo assim, foi feita a exclusão de estudantes com notas inferiores. Além do mais, trata-se de um desvio descabido de função, pois se hoje existe violência proveniente do tráfico de drogas, é porque faltam agentes públicos coibindo esses crimes nas fronteiras, nas estradas, nos bairros. São nesses locais onde esses profissionais devem atuar, deixando o papel de ensinar, para os educadores, que se formaram para isso”, enfatizou o presidente do Sintep-MT.

Atualmente, Mato Grosso possui oito escolas militares, sendo sete da Polícia Militar, que estão localizadas nos municípios de Cuiabá, Confresa, Sorriso, Nova Mutum, Lucas do Rio Verde, Juara e Rondonópolis (em fase de implantação), e uma do Corpo de Bombeiros, em Alta Floresta.

Nota de Repúdio do Fórum Nacional Popular de Educação (FNPE) contra a militarização de escolas públicas no Brasil.

Leia aquihttp://bit.ly/2vDLI1M

Assessoria Sintep/MT

Cuiabá, MT - 17/12/2020 18:15:23


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