Os alunos da turma piloto do projeto "Me Encontrei", pioneiro no combate ao trabalho infantil em Cuiabá, se formaram nesta terça-feira (18) no auditório Otacílio Borges Canavarros, do  Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai/MT), em Cuiabá. Ao todo, 48 adolescentes que se encontravam em situação de vulnerabilidade ou expostas ao trabalho infantil concluíram o curso de aprendizagem de Auxiliar Administrativo Industrial, iniciado em novembro do ano passado.
Segundo o superintendente Regional do Trabalho e Emprego de Mato Grosso, Valdiney Antonio de Arruda, o projeto tem dois focos importantes para o combate ao trabalho infantil. Afastar os jovens e crianças que já desempenham atividades econômicas, por meio das ações de fiscalização. E o segundo foco está nas crianças e jovens vulneráveis, aqueles que têm potencial em desenvolver o trabalho precoce.
Os jovens, com idade a partir de 15 anos, são encaminhados para a aprendizagem profissional. A formação une teoria e prática, por meio de uma parceria realizada com entidades do sistema S e empresas privadas. O sistema S desenvolve a formação teórica da aprendizagem. Complementando com a formação prática, por meio da parceria com empresas que contratam o jovem como aprendiz. Além disto, durante a capacitação o jovem passa por assistência social e a sua família tem preferência em programas sociais e de capacitação do governo.
"Entendemos que ele [Me Encontrei] é um grande projeto. Não pela quantidade, porque percebe-se que nós estamos com um número pequeno relacionado ao número de trabalho infantil que a gente tem no Estado. Mas, qualitativamente tem um potencial porque oferece aquilo que a gente não consegue dar quando retira a criança do trabalho infantil, que acaba retornando para essa situação por não ter outra opção", explica Valdiney Arruda.
Atualmente, o projeto é desenvolvido em Cuiabá, onde, apenas o Senai atende cerca de 100 jovens nos cursos de auxiliar administrativo, de pedreiro e de operador de computador. A partir de 2013, a perspectiva é estender o projeto para outros municípios do Estado. Várzea Grande e Rondonópolis devem receber o projeto. E em Cuiabá a oferta deve ser ampliada.
No Senai, os alunos recebem a formação técnica, voltada ao mercado de trabalho. São desenvolvidos conteúdos específicos da formação, unida a conteúdos como a ética e relações interpessoais. O Sesi trabalha com o reforço de competências, com objetivo de sanar deficiências do ensino básico, com reforço em língua portuguesa, matemática e atividades de relacionamento interpessoal e intrapessoal.
O projeto é acompanhado pelo Fórum Estadual de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil de Mato Grosso (Fepeti/MT). O Fórum é formado por um colegiado quatripartite. Engloba entidades do governo federal, do governo estadual, civis e de direito. Segundo Valdiney Arruda, o Fepeti dá maior eficiência ao projeto, pois acompanha as ações, discutindo as possibilidades de aprimoramento.
Valdiney Arruda acredita que a cultura de valorização do trabalho para jovens no Brasil e a deficiência financeira são os principais aspectos que dificultam a erradicação do trabalho infantil. Segundo ele, os problemas enfrentados pelo projeto são a concorrência com empregos informais e precários que oferecem remunerações mais elevadas, e as dificuldades de condições de acesso à capacitação. "Às vezes, o jovem mora muito longe e precisa pegar transporte os mais variados e distante. Esse é o tipo de aspecto que pode vir a desanimá-lo até o final do projeto", explica. No entanto, ele informa que o número de evasão da turma piloto foi muito baixo. Dos 51 jovens que iniciaram a capacitação, apenas 3 desistiram.

Cuiabá, MT - 20/12/2012 00:00:00


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