O ano de 2009 registrou o aumento da repressão contra trabalhadores que lutam pela distribuição de terra no campo brasileiro, conforme constatou o relatório anual "Conflitos no Campo Brasil", organizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). Em comparação a 2008, o número de despejos em propriedades ocupadas aumentou 36% e as prisões chegaram a 205, contra 168 em 2008.
Segundo o integrante da coordenação nacional da CPT, Edmundo Rodrigues, o maior repressão está relacionado com o aumento do número de conflitos, principalmente os ocorridos na Amazônia após a medida provisória 458.
"Os assassinatos, que em 2008 foram 28, foi o único indicador que apresentou queda, [pois] em 2009 foi 25. Na verdade é uma redução, mas que continua em um patamar bem alto. Mas os outros indicadores de conflito, de violência, de tortura, de ameaça, todos aumentaram."
Na avaliação da CPT, a contra-ofensiva de setores do agronegócio também estimulou a repressão.
"[A deputada federal] Kátia Abreu está fazendo pressão, e protocolou um documento no Ministério da Justiça para monitorar os movimentos sociais, principalmente o MST nesta questão das ocupações. E o próprio Gilmar Mendes [presidente do Superior Tribunal Federal] em um convênio com a CNA [Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil], lançando um observatório para monitorar as ocupações de terra no Brasil."
O lançamento da edição que marca 25 anos do relatório da CPT ocorreu no último dia 15, seguido de um debate sobre a criminalização dos movimentos sociais.