Após três dia de debates (14 a 16 de setembro), os trabalhos do Encontro Extraordinário da Educação, realizado no Hotel Fazenda Mato Grosso, em Cuiabá, foram concluídos. A palestra de encerramento trouxe a abordagem sobre “A Diversidade no Currículo Escolar Diante da BNCC”, com a professora doutora Ozerina Victor de Oliveira (UFMT), Professor Mestre Clóvis Arantes (movimento LGBT) e o estudantes Gabriel Henrique Carmo e Silva - Movimento Estudantil.

A abertura das explanações contou com a colaboração do professor João Monlevade, um dos ícones na construção das lutas dos trabalhadores e trabalhadoras da educação em Mato Grosso. O professor Monlevade destacou ao tratar de currículo e suas diversidades a relevância de incluir na elaboração do documento todos no espaço escolar, inclusive, os funcionários da escola. “Base Nacional que não inclua os funcionários não é nacional é parcial. E mais, um currículo deve oferecer a liberdade de aprender e de ensinar”, disse.

Tomando como base parte da fala do professor Monlevade, bem como, a apresentação cultural que antecipou o debate, a professora Ozerina Oliveira construiu sua explanação sobre currículo e a diversidade. Conforme ela, o currículo contem os significados que a sociedade, em cada período histórico assim como nos diferentes lugares, atribuem aos sujeitos.

Conforme ela, currículo vai além do que acontece em todos os espaços da escola, como lembrou o professor Monlevade. Ele acontece entre professores, estudantes, famílias e comunidade, e produção cultural. Isso porque, da escola, ele produz significados cotidianos, sobre as funções ocupada, não só na escola, mas do que é ser homem, mulher, LGBT, índio.  “No currículo produz significados que regem a vida das pessoas”, afirma.

É por meio do currículo que se compreende as diferenças, a diversidade da identidade dos sujeitos.  “A sociedade ocidentais e capitalista trabalha com padrões, e as diferenças, nessa visão, são marginalizadas e inferiorizadas”. Ela resume, esclarecendo, que currículo não é o reconhecimento das diferenças mas, as diferenças estão no currículo, estão na sala de aula e em cada sujeito.

Direitos Humanos

Segundo o professor Clóvis Arantes, a sociedade é calcada no padrão de normalidade, a partir daquilo que está padronizado e, não nas diferença que estão no espaço escolar. “O Currículo apresentado é para aqueles que são tido como normais dentro da escola”, disse. Como referência traz a polêmica sobre sexualidade. Conforme ele, o tema é discutido em todos os espaços da escola, na sala dos professores, inclusive. Menos na sala de aula”. E acrescenta que o pior são “as pessoas confundirem sexualidade com ato sexual”.

A exigência dos movimentos sociais, universidades e Fóruns defendem a Educação como direito maior. Não somos contra a Base Nacional Curricular, estamos contra esta BNCC que centralizada currículo apenas nas aprendizagens, enquanto nosso foco é o direito à Educação com aprendizagens muito mais ampla.

“A escola é o espaço para dialogar sobre sexualidade, incluir os diferentes. Quem não usa óculos é diferente de quem usa. Daí nomes como quatro olhos, fundo de garrafa e outros. As pessoas são diferentes e se constituem diferente, o que não podemos é oficializar o estranhamento àquilo que não faz parte de mim. Violentar, agredir, negar, excluir”, finaliza.

Democracia

“Os debates sobre a BNCC é positivo, pois darão espaço para colocar a defesa da educação que defendemos. Pior do que isso, é a implementação da Escola sem Partido, essa impossibilitará a discussão”, abriu sua fala o estudante Gabriel Henrique. Conforme ele, o conjunto de medidas retrógradas imposta no atual governo, fere direitos humanos e a democracia e remetem a sociedade a condições semelhantes a Idade Média. “Estamos no século 21”, destacou.

Gabriel levou ainda a gama de desrespeitos à diversidades, que não são tratadas no currículo e está ausente de discussão numa Base Nacional Comum Curricular. A BNCC prioriza a aprendizagem de Português e Matemática, e desrespeita os direitos humanos, incluindo o direito a religiosidade.  “Dizem que o Educação é laica, mas apenas se você for católico e evangélico. O segmento espírita é visto com estranheza e repudiado na sala de aula”, disse. 

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Assessoria/Sintep-MT

Cuiabá, MT - 18/09/2018 12:48:00


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