Entidades que representam professores e estudantes têm defendido o adiamento da realização do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), marcado para novembro deste ano.
O Governo Federal, ao contrário do que foi decidido em diversos países, decidiu manter a data de realização das provas. Para os envolvidos com o tema, o não adiamento, em um contexto de suspensão das aulas por conta da pandemia, vai intensificar assimetrias entre os que prestam o exame.
O Ministério da Educação veicula uma peça de divulgação cuja o mote é “A Vida Não Pode Parar”. Abraham Weintraub, ministro da pasta, chegou a declarar que o objetivo do exame é selecionar e “não fazer justiça“.
“A propaganda do MEC para as inscrições no Enem é antipedagógica. E injusta. Estudantes que não têm condições de estudar precisarão ter ainda mais força mental para se inscrever. É a lógica do bolsonarismo: beneficiar os privilegiados”, avalia Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
Heleno Araújo, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), explica que o adiamento é necessário para que as condições de disputa não se tornem completamente desequilibradas: “A maior parte dos alunos da escola pública não possui acesso à internet para continuar estudando à distância. Isso pode aprofundar desigualdades entre os que têm melhores condições e os que não têm”.
Parlamentares da oposição também têm defendido o adiamento. O PSOL encaminhou um ofício ao INEP, órgão do Ministério da Educação que realiza a prova, pedindo a readequação do calendário.
Já a deputa federal do PC do B Alice Portugal apresentou projeto de lei sobre o tema. Pela proposta, INEP seria impedido de definir o calendário de aplicação das provas até a retomada das atividades regulares pelos estudantes do Ensino Médio.
(Reconta Aí, Rafael Tatemoto, 11/05/2020)