As tragédias causadas pelas chuvas que atingem o Brasil podem aumentar se forem aprovadas as propostas de mudanças no Código Florestal. A afirmação é do engenheiro florestal e integrante da Via Campesina, Luiz Zarref. Entre os pontos polêmicos, o texto que propõe mudanças no atual Código, de autoria do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP), deixa de considerar topos de morros como áreas de preservação permanente. Esses locais foram os mais afetados por deslizamentos de terra no Rio de Janeiro.
O Projeto já foi aprovado
"Sem essa área, rapidamente
uma trompa d"água se forma. Isso porque a chuva cai em uma área que está
desprotegida, fato que aumenta rapidamente o nível do rio. Essas quantidades
anormais de água crescem muito mais rapidamente, de que quanto se tem uma área
protegida, como está no Código atual.
Ainda segundo Zarref, a
tragédia que até o momento já vitimou quase 700 pessoas no Rio é um reflexo da
não preservação das áreas com vegetação.
"O que aconteceu no Rio de
Janeiro não é só por causa da degradação do topo do morro, de fato foi um nível
de chuva muito alto. Porém, com certeza, foi agravado pela devastação,
principalmente nas áreas de preservação permanente. A natureza que antes
comportava até mesmo uma tempestade, hoje não comporta mais".
Zarref também enfatiza que
mesmo com as áreas ocupadas irregularmente, há estudos que mostram que ainda
existem soluções para o problema, sem a necessidade de remoção das famílias.
"Em algumas áreas você pode fazer trabalhos de drenagem, galerias pluviais ou até mesmo recuperação florestal. Agora existem áreas de instabilidade geológicas que de fato vai ter que ser construído juntamente com a comunidade um reassentamento das famílias. Essas famílias foram empurradas historicamente para essas regiões. A maioria dessas pessoas são pobres. Então tem que haver uma solução que respeite esse processo histórico.