Em encontro na manhã desta segunda-feira (24) com o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, lideranças das centrais sindicais reiteraram a importância do salário mínimo de R$ 580,00 e da continuidade da política de ganhos reais para o combate às desigualdades e para a própria saúde do trabalhador.
"Valorizar o salário mínimo
é também valorizar a saúde do trabalhador e de sua família. Contamos com o
apoio do ministro em defesa dos R$ 580 necessários para afirmar esta visão de
desenvolvimento, de justiça social", declarou o secretário de Políticas Sociais
da CUT, Expedito Solaney. Padilha respondeu que a mesma solicitação já havia
sido feita pelo presidente da CUT, Artur Henrique, "já na nossa primeira conversa".
Embora o tema principal da
reunião fosse debater ações de combate à dengue, os dirigentes sindicais
aproveitaram o encontro, no Gabinete Regional da Presidência da República
O 1º secretário da Força
Sindical e presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias Químicas e
Farmacêuticas do Estado de São Paulo, Sérgio Luiz Leite, defendeu um acordo com
os ministérios sociais para sensibilizar a equipe econômica de que "o aumento
do salário mínimo vai melhorar a distribuição de renda, a qualidade de vida dos
trabalhadores e da sociedade em geral, ajudando também na erradicação da
miséria, compromisso da presidenta Dilma".
Durante o encontro com
Padilha as centrais também defenderam a indicação de nomes vinculados aos
trabalhadores e aos movimentos sociais para a composição da Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS), "a fim de que as raposas não fiquem tomando conta do
galinheiro". Há dois cargos vagos desde outubro de 2010, explicaram os
dirigentes, e é preciso colocar nomes comprometidos com a saúde pública, já que
as empresas operadoras de saúde estão fazendo forte pressão
Combate à dengue
Diante do "risco real de
epidemia de dengue", informou o ministro da Saúde, nada mais necessário do que
dialogar com o movimento sindical brasileiro, a "parcela mais organizada dos
usuários do sistema público de saúde" para auxiliar na prevenção. "Ter vocês
como parceiros pode ser algo decisivo", declarou Padilha, defendendo a parceria
para ampliar e qualificar uma ampla rede, que não só atue no caso específico da
dengue - mais urgente -, mas também em questões relativas à saúde do idoso, à
prevenção das doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e da AIDS.
Dos 16 Estados com "risco de
alerta", há 70 municípios de "alto risco", onde problemas com o acesso à água e
ao saneamento básico, aliados à alta densidade populacional potencializam as
adversidades no combate ao mosquito transmissor da dengue. Para estes
municípios o Ministério está solicitando às autoridades uma checagem diária e
uma quantificação semanal dos casos. Padilha sublinhou que "prevenir é melhor
do que remediar" e lembrou que nas conversas com o empresariado tem solicitado
maior envolvimento com a questão, já que além dos evidentes riscos à saúde,
individual e coletiva, uma pessoa com dengue aumenta os custos da empresa, já
que falta em média seis dias ao trabalho - se o caso for ambulatorial, e 11,
caso fique internado.
Para o combate ao mosquito,
assinalou o ministro, é preciso o envolvimento das Comissões Internas de
Prevenção de Acidentes (CIPAs), dos representantes dos trabalhadores nos
Conselhos Municipais e Estaduais de Saúde, e "usar muito os meios de
comunicação sindical para fazer a informação chegar nos locais de trabalho".
Padilha disse que a experiência mostra que grande parte das pessoas infectadas
não procuraram as unidades básicas de saúde. Assim, quando foram buscar
auxílio, precisaram disputar atendimento no Pronto Socorro, onde se acumulam
casos mais graves com vítimas de acidentes de carro, de tiros, facadas, etc...
"É uma disputa com risco, devido à demora da procura", explicou.
Ao mesmo tempo em que
convocou o movimento sindical a ser um aliado do governo na mobilização contra
uma provável epidemia, Padilha comunicou que estão sendo contatadas
organizações empresariais, religiosas e esportivas, para que se somem neste
grande mutirão nacional em defesa da saúde.
A atualização dos médicos e
enfermeiros, também da rede privada, assinalou, é uma prioridade, uma vez que
há cidades em que os óbitos por dengue aconteceram na saúde complementar. "Por
isso vamos usar todos os instrumentos para esta mobilização", frisou Padilha,
lembrando que a parceria estabelecida com a Fiocruz e o Instituto Butantã, que
pesquisam duas experiências de vacina, colocam a perspectiva de resolução
definitiva do problema entre seis a dez anos.
Quanto às ações do
Ministério com as centrais, acrescentou Padilha, terão desdobramento "em defesa
da saúde dos trabalhadores, das mulheres, dos idosos, numa profunda relação de
diálogo com o movimento sindical".
Democratizar a ANS e avançar na reforma urbana
Expedito Solaney destacou a
relevância da iniciativa do Ministério, defendeu a escolha de nomes vinculados
ao movimento social na composição da ANS e também reforçou a necessidade da
reforma urbana, "pois dialoga com investimento em água tratada, em saneamento
básico, em redes de esgoto, em condições dignas de moradia que são obstáculo à
multiplicação do mosquito da dengue".
Representando a Central
Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Jorge Venâncio saudou a disposição do
diálogo mais permanente e sugeriu uma maior atenção do Ministério com o
problema dos acidentes envolvendo caminhoneiros. Esta é uma questão primordial,
alertou, uma vez que a Previdência aponta 2.600 óbitos por ano, enquanto os
acidentes com caminhão ultrapassam os 8 mil óbitos. "É uma verdadeira
carnificina. O contrato exige do caminhoneiro que faça a viagem de São Paulo a
Recife em 52 horas e cada hora que demora a mais ele recebe a menos. São
acidentes de trabalho", explicou. O dirigente da CGTB também pediu ao ministro
sensibilidade com a indicação dos nomes para a Agência Nacional de Saúde
Suplementar: "Precisamos retomar para a sociedade a maioria da ANS".
O presidente da União Geral
dos Trabalhadores (UGT) e do Sindicato dos Comerciários de São Paulo, Ricardo
Patah, discorreu sobre várias iniciativas levadas a cabo com êxito pelos
sindicatos de Comerciários e Químicos, como o Verão sem Aids,
As centrais encerraram sua
intervenção reafirmando o compromisso coletivo com o conjunto da pauta debatida
com o ministro e enfatizaram que vão ampliar as ações de combate à dengue,
tornando mais didática a informação sobre a prevenção, e colocando o tema com
relevo nas comemorações do 1º de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores.
Ao final da reunião o ministro anunciou que estará em Aparecida do Norte no próximo dia 30 para dialogar com aposentados e pensionistas sobre as suas reivindicações para a pasta e também convidá-los a participar das ações do Ministério.